quarta-feira, 23 de maio de 2007

Bonecas de Oziouls

in "O mundo ri" - nº134
Setembro de 1964

Dá Deus as nozes...

sábado, 14 de abril de 2007

Banda desenhada

In, "Les Aventures de Paulette"

Paulette
no traço inconfundível de Wolinski.

Militante de esquerda, George Wolinski considera que "não há cartunistas de direita, uma vez que a direita não tem dúvidas". Wolinski acordou para a política no Maio de 68, época em que se assumia como anarquista, contra a burguesia e a sociedade de consumo. Antes, tinha no sexo o seu campo de trabalho preferido. Sem nunca esquecer as mulheres, o desenhador que publica semanalmente na Paris Match diz que hoje em dia a "emancipação feminina está ultrapassada" e o sexismo "já não existe".

terça-feira, 13 de março de 2007

Desenho de Don Flowers

Piadas finas...

Capa da Revista "Can Can", nº11 - Janeiro de 1956

domingo, 4 de março de 2007

Francisco Finura

A ideia teria nascido no Benjamim, um dos Cafés mais frequentados de Setúbal na década de 60 e se situava no lado norte da Avenida 5 de Outubro, um pouco antes da Praça do Quebedo.

Creio que foi já pelo ano de 1971, ou talvez 1972, que um Grupo de "habituées", uma autêntica tertúlia em actividade permanente naquele Café, e sob a batuta do advogado Dr.Amadeu Costa, e a "orientação" do Prof. Domingos do Rosário, resolveu escrever e editar um "cartão de apresentação" do Francisco Finura.

Com circulação restrita, este cartão apresentava na primeira página, a fotografia de um Francisco Finura, todo aperaltado e "pendurado" num belo cachimbo! O lenço imaculado que lhe caía do bolso do casaco já era lendário por essa altura... A pose era a de um cinéfilo consumado!...



Nas páginas centrais, eram descritas com alguma minúcia as "profissões" e as "habilidades" do Homem por quem todos tinham muita consideração e respeito... muito embora abusassem um pouco da sua bondade!




Vale a pena passar os olhos por tudo aquilo que o Francisco Finura sabia fazer naquele auge da sua popularidade em Setúbal e que ficou escrito e "escarrachapado" no Cartão de Visita que aquela "trupe" do Benjamim resolveu escrever por ele...

Aquela do "Operário especializado em trabalhos não especializados." não lembrava ao diabo! Lembrou ao Dr.Amadeu Costa... Mas analisando bem as coisas, era essa mesmo a ideia que tínhamos do Francisco Finura!

Aqui fica a referência! E o cartão!... Para que conste...

quinta-feira, 1 de março de 2007

Uns versos de Laureano Rocha

O Sr. Laureano Rocha foi um dos bons Amigos que passou pela minha vida aqui em Setúbal.
Era um "português" da Galiza mais amigo de Portugal do que muitos portugueses que por aí andam… e conhecia-o desde 1959 quando, com o irmão Valentim, ambos geriam, com o maior zelo e eficiência, o melhor Restaurante de Setúbal: o Restaurante do Naval, ali no 1º andar do edifício da Avenida Todi que é agora do Montepio.

Passava o Verão de 1976... e os tempos estavam difíceis.
Um amigo nosso, em férias em Las Palmas, enviou-me um postal ilustrado endereçado para o Clube Setubalense, talvez por não se lembrar do meu endereço completo.
Aconteceu que o Carteiro, fazendo alguma confusão, acabou por deixar o meu postal ilustrado no Restaurante do Clube Naval Setubalense, em vez de o deixar no outro lado da Avenida, no Clube Setubalense.

Uns dias mais tarde, o postal vem parar às minhas mãos, dentro de um envelope que me era dirigido para o Clube Setubalense. O remetente era o "Zé da Banca", um nome que eu conhecia bem como autor dos "Perfis" que semanalmente saíam sob a forma de Soneto, no extinto jornal "A Voz de Palmela". E vinha acompanhado por uma carta em forma de verso...
Tinha de ser!... E tinha piada!...
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Mas na altura tive receio de dar publicidade àquela carta...
Os tempos eram então muito difíceis! E tive medo...
Tive medo, mas não por mim... Tive medo pelo sr.Laureano Rocha!
Ele não merecia que pudessem vir a apoquentá-lo... pelo humor que então demonstrou!
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Este é o postal ilustrado que um Amigo me enviou


Las Palmas - Agosto de 1976
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O texto do postal ilustrado era o seguinte:
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Amigo Matos
Aqui vai a figura que muito bom político da nossa terra faz.
Espero que os “galifões” não comam tudo, para que a nossa terra não fique árida como a que se vê na gravura.
Um abraço para todos os nossos amigos

F,
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Os versos que acompanhavam o postal, por certo feitos de improviso, são os que reproduzo a seguir:
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Doutor, desculpe o abuso
Mas veio aqui p’ró Naval
Por equívoco, o postal
Que na minha vai incluso.

É que, por acaso, li
O texto que vinha escrito
E eu só no fim vi que o dito
Era destinado a si!

Mas olhe, Doutor, gostei,
Porque o texto, na verdade,
É um hino à sociedade…
Dos “defensores” da grei…

A figura é subtil…
Camelos… só dois encerra
E há milhares nesta terra
Criados… no mês de Abril!…

E tão maus os “galifões”…
Tão cheios de hipocrisia
Que vivem… na porcaria
Duma corja de ladrões!...

Se o “Comba Dão”, esse santo…
Pudesse voltar e… ver,
Eu não sei, mas estou em crer,
Morria logo de espanto!

Pobre país que a loucura
Se aproxima tão veloz
Dum fim…que p’ra todos nós
Já é mal que não tem cura!...

Já não vejo salvação
Nem vida neste jardim…
--Os “pintasilgos” p’ra mim,
São aves de… arribação!...

Mas, Doutor, tenhamos fé…
Desculpe-me a ousadia.
…é que isto de poesia
É, pois, o fraco do “Zé”!...
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Eu sei que o "Zé da Banca" está sorrindo lá em cima...a recordar-se destes seus versos feitos numa época em que o desânimo ocupava a maioria dos portugueses que sempre souberam trabalhar!...

O pirilampo e o sapo

Marquesa de Alorna


Nasceu em Lisboa em 1750.
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Neta da Marquesa de Távora justiçada por motivo do atentado contra D.José , foi encerrada no Convento de Chelas, desde os oito anos, enquanto o pai, à ordem de Pombal, cumpria pena de prisão no Forte da Junqueira. Espírito cheio de curiosidade, iluminou-se, ainda no convento, por muitas leituras feitas e palas conversas com pessoas cultas, que a visitavam, entre as quais Filinto Elíseo, seu mestre, a quem ficou devendo o nome arcádico, de Alcipe.
Saiu do convento em 1779 e casou pouco depois com o Conde de Oeynhausen a quem acompanhou no estrangeiro.De grande cultura clássica e conhecendo igualmente as literaturas francesa, inglesa e alemã do seu tempo, deixou uma vasta obra.


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O pirilampo e o sapo


Lustroso um astro volante
Rompera as humildes relvas:
Com seu voo rutilante
Alegrava à noite as selvas.


Mas de vizinho terreno
Saiu de uma cova um sapo,
E despediu-lhe um sopapo
Que o ensopou em veneno.


Ao morrer exclama o triste:
--Que tens tu de que mi acuses?
Que rime em meu seio existe?
Respondeu-lhe: - Porque luzes?


Das “Obras Poéticas

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Uma boa notícia!...

Via e-mail, recebi esta tarde a notícia!
O meu blog www.memoriarecenteeantiga.blogspot.com, que havia tido problemas em 22 de Fevereiro e estava impossibilitado de emitir mais "posts"... afinal nada tinha de mal!
Comunicaram-me que está de novo operacional...com o pedido de muitas desculpas!
Passo agora a ter dois blogs que tentarei manter vivos.
João de Castelo Branco

Aplicações...

Vem hoje no Diário de Notícias.

É público! E notório...


"Os rendimentos do trabalho dependente de Vítor Constâncio totalizaram os 280 889,91 euros em 2005.

Neste ano, só em aplicações financeiras e contas bancárias, o governador do Banco de Portugal declarou um montante global de 570 454 euros.

Em comparação com 2004, a situação económica do governador não se alterou significativamente: ganhou nessa altura 272 628,08 euros, não tendo modificado a carteira patrimonial ao nível imobiliário.

Aparente adepto de não pôr todos os ovos no mesmo cesto,
Constâncio colocou no BPI a fatia maior das suas poupanças:
192 180 euros num fundo de investimento;
50 256 euros num plano poupança-reforma (PPR);
204 454 euros numa aplicação de capitalização;
16 664 euros numa carteira de títulos e ainda
65 810 euros em produtos derivados de bolsa.

Na CGD, o governador do Banco de Portugal tem um
depósito a prazo de 119 222 euros e
86 680,9 euros num fundo de investimento.

O BES é responsável pela gestão de um outro fundo de investimento mais modesto, no valor de 21 868 euros.

Os dois vice-governadores, José Martins de Matos e Pedro Duarte Neves, ganharam, respectivamente, 244 536 euros e 254 586 euros.

Do ponto de vista de aplicações financeiras, Martins de Matos tinha investidos mais de 142 mil euros, no final de 2005, enquanto que o ex-presidente da Anacom foi mais ambicioso ao despender mais de 331 mil euros.


Logo abaixo, na mesma 1ªpágina do Diário de Notícias:

"Constitucional aprova penhora de salário mínimo"

"O Tribunal Constitucional declarou, em Novembro do ano passado, que não é inconstitucional a penhora de qualquer percentagem do salário mínimo quando não existem outros bens do executado que possam ser penhorados."

Vai fazer 47 anos...

Houve festa no Liceu
em 14 de Maio de 1960

Grupo na Sala dos Professores
Uma pausa na noite do Baile dos Finalistas (?)

Reconhecemos, da esquerda para a direita, a professora de Física DrªAlda de Paiva Gomes, a professora de Desenho, ArqªSílvia Sá Dantas, e os três Amigos, professores de Ciências Naturais, Dr.Queiroz Rebelo, jjmatos e Dr.Maurício, estes acompanhados pelas respectivas "consortes" Maria de Lurdes Macedo e Maria Alzira Silva.

Lembramos com tristeza que faz hoje um ano que faleceu o Dr.António Maurício.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Beira Baixa - Notícias de 1951 - 4ºTrimestre

6 de Outubro
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A Drª Maria Cândida Monteiro Trindade e o Dr. Alberto mudam o seu consultório para a
Avenida Nun' Álvares nº 34 ( a seguir à Caixa Geral de Depósitos )

6 de Outubro
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Móveis e Estofos
carpetes, passadeiras, tapetes.
Selé, Marceneiro
3, Praça Luis de Camões, 4

6 de Outubro
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Rita Antunes
modista
Travessa da Ferradura, 13-1º

13 de Outubro
Companheiros da Alegria
Se o espectáculo que realizaram na nossa cidade mostrou a alegria comunicativa daquela plêiade de gente moça, muitos artistas de valor, também é certo evidenciou um novo cantor sobejamente conhecido entre nós, o sr. José Mendes Carronda que noutras terras teve uma actuação brilhante.
Em Vila do Conde, Castelo Branco conquistou mais um triunfo porque o sr. José Mendes Carronda soube, com a sua voz melodiosa, fazer vibrar e fazer-nos sentir a alegria comunicativa da sua voz bem timbrada...

13 de Outubro 746
Pedido de Casamento
Pelo sr. Joaquim Rodrigues Ribeiro Russinho foi pedida em casamento no dia 12 do corrente, para seu filho sr. Augusto Maria Martins Ribeiro Russinho, a visitadora sanitária srª.D.Maria Udite Esteves Valente, gentil e prendada filha da srª D. Maria Emília do Rosário Valente e de seu marido sr. Valente (já falecido)

20 de Outubro
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Modista
Isabel Salvado participa às suas clientes que saiu para Lisboa a fim de assistir às passagens de modelos para a estação de Inverno

20 de Outubro
Vida Religiosa
Foi nomeado pároco de Mouriscas, para onde seguirá dentro de dias, o Revº Padre João Mendes Pires da Silva, que foi coadjutor na nossa paróquia

3 de Novembro
Dádiva
Aos corações generosos 40$00

10 de Novembro
Nascimento
Com muita felicidade deu à luz no dia 30 do passado mês, uma robusta criança do sexo masculino a srª D. Piedade dos Santos Faria Crisóstomo esposa do sr. Martinho Felix Crisóstomo


17 de Novembro
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Fernando Noé participa aos seus estimados clientes e amigos e ao público em geral que acaba de adquirir um esplêndido Ford "Consul", 4 lugares, fazendo redução de preços em viagens longas. Rua de Santa Maria, nº107 Telefone 303

8 de Dezembro
Nova Licenciada
Concluiu há pouco o Curso de Matemática na Universidade de Coimbra a srª Drª. D. Maria Adelaide da Silva Caio.

15 de Dezembro
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Óptica Ideal
Oculista profissional
Carlos Lopes Pereira
Alameda Salazar, nº23 Castelo Branco


15 de Dezembro
Casamento
Realizou-se no passado dia 9, na Capela de Sant'Ana, o casamento da Srª D. Maria Udite Esteves Valente, com o sr. Augusto Maria Martins Russinho. Foram padrinhos da noiva o Exmº Sr. Dr. Ulisses Vaz Pardal e sua esposa D. Maria Amália Sanches Vaz Pardal e por parte do noivo o sr.Dr. António Tavares Carriço e D. Maria Amália Tavares Carriço.

sábado, 24 de fevereiro de 2007

As freiras de Amarante

ACORDÃO DA RELAÇÃO SOBRE A CONTENDA DO CANO DAS FREIRAS DE AMARANTE

Acordão da Relação, vistos os autos, etc., etc.

As authoras D.Abbadessa, Discretas e mais religiosas do Convento de Santa Clara de Amarante, mostram ter um cano próprio por onde despejam as suas immundícies e enxurradas, o qual atravessa de meio a meio a Fazenda dos Frades Domínicos da mesma villa.

Provaram ellas, authoras, a posse em que estão de o limparem quando precisarem. Os réus, o Prior e mais religiosos do Convento de S.Gonçalo, assim o confessam, e se defendem, dizendo, que lhes parece muito mal que lhes bulam e mexam na Fazenda sem ser à sua satisfação; que conhecendo a necessidade da limpeza do cano das Madres, tinham feito unir o seu cano ao d'ellas para mais facilmente se providenciarem as couzas, por cujo modo vinham a receber proveito. Portanto, e o mais dos autos, vendo-se claramente que aquella posse só poderá nascer do abuso; Vendo-se mais a bôa vontade com que os réus se prestam e obrigam a limpar o cano das Madres, authoras, e que outro sim, da união resulta conhecido benefício, conclue-se visivelmente que há duvidas e questões de parte da Madres, que podem nascer do capricho sublime, de um temperamento ardente, que preciza mitigar-se para bem de ambas as partes.

Pelo que, mandam, que o cano das authoras seja conservado sempre corrente e desembaraçado, unido ou não unido ao cano dos réus, segundo o gosto d'estes, e inteiramente à sua disposição, sem que as freiras, authoras, possam intrometer-se no dia, na hora, nem nos modos ou maneiras da limpeza, a qual já fica entregue à vontade dos réus, que a hão de fazer com muita prudencia e bem, por terem bons instrumentos, seus proprios, o que é bem conhecido das authoras que o não negaram nem contestaram. E quando aconteça, – o que não é presumível, – que os réus, de proposito ou por omissão, deixem entupir o cano das authoras,
em tal caso lhes deixem o direito salvo contra os réus, podendo desde logo governar na limpeza do dito cano, mesmo por meios indirectos, usando de suspiros, e ainda usando do cano dos réus, procedendo primeiro a uma vistoria feita pelo juiz de fóra e com assistencia de peritos louvados sobre os canos das authoras e réus.

Pague-se as custas do processo,etc.

Porto, 11 de Novembro de 1793


Nota - Estes autos ainda hoje se acham archivados n'um dos cartórios da comarca de Amarante.

As minhas fotos preferidas

Madrugada de um dia que há-de vir...


10 de Novembro de 1969

Numa "visita de estudo" aos fósseis da zona a norte de Sesimbra que fiz com os meus alunos do 6ºano, encontrei próximo da Aldeia do Meco um "ciganito ranhoso" a quem tirei esta foto. Foi Sebastião da Gama o "mentor" do nome que então lhe atribuí... retirando dos versos, a carga negativa que continham...

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

As "bonecas" de Don Flowers

Don Flowers foi um "cartoonista" de muito valor que a partir de 1930 distribuiu as suas "bonecas" pelos jornais e revistas de todo o mundo.



Dotado de um traço simples mas muito pessoal e característico, apresentava as suas "bonecas" em situações muito atrevidas e sempre com ascendência insuperável sobre os "boys" que as assediavam...


Este americano viu as suas "bonecas" circularem nas revistas de humor que se publicavam em Portugal a partir dos anos 50.


O "Can Can", o "Cara Alegre" e o "Mundo Ri" foram publicações portuguesas que surgiram depois daquela data.





No "Mundo Ri" nº 92

.
No Cara Alegre nº 173
.





Olhem só a cara de parvo que Don Flowers atribuíu a este "namorado"...

.


Bonecas" de Don Flowers



De quem estarão a falar?


Esta é uma rubrica que todo o apreciador de banda desenhada conhecia...




quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Vai fermosa...

Redondilha

Luís de Camões



Descalça vai para a fonte,
Leanor pela verdura;
Vai fermosa e não segura.

Leva na cabeça o pote,
o testo nas mãos de prata,
cinta de fina escarlata,
sainho de chalamote;
traz a vasquinha de cote,
mais branca que a neve pura;
vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
cabelos de ouro o trançado,
fita de cor encarnado,
tão linda que o mundo espanta;
chove nela graça tanta
que dá graça à fermosura;
Vai fermosa e não segura.
.
"O mais célebre dos escritores portugueses viveu quase isolado dos seus pares. Nenhum deles em sua vida se lhe refere, e só depois de morto um ou outro lhe faz alusão!
Nasceu em Lisbos? Nasceu em Coimbra? Ignora-se Filho de Simão de Camões, descendente de um fidalgo vindo da Galiza no tempo do rei D.Fernando, pensa-se que estudou em Coimbra.
Em 1542 estava em Lisboa, Desterrado para o Ribatejo em 1546, partiu para Ceuta no ano seguinte, e lá, combatendo, perdeu o olho direito.
Volta a Lisboa em 1549 e três anos depois é preso por motivo de uma briga. Enfim perdoado, soltam-no e logo vai servir o Rei à India em 1553. Tristemente aventurosa e desadaptada lhe correu por lá a vida..."
. . . J.Nunes de Figueiredo e Domingos Pechincha
.

Ode anacreôntica

Bocage


Elmano Sadino


Ode anacreôntica

Em torno de áurea colmeia
Amor adejava um dia;
E, a mãozinha introduzindo.
Húmidos favos colhia.

Abelha mais forte que eu,
Porque de Amor não tem medo,
Eis do guloso menino
Castiga o furto num dedo.

Chupando o tenro dedinho,
Entra Cupido a chorar;
E, ao colo da mãe voando,
Do insecto se vai queixar.

Vénus, carinhosa e bela,
Diz, amimando-o no peito:
“Desculpa o que te fizeram,
Recordando o que tens feito.

O ténue ferrão de abelha
Dói menos que os teus farpões;
O que ela te fez no dedo
Fazes tu nos corações.”

Nasceu em Setúbal, assentou praça aos 14 anos e, em 1786, partiu como guarda -marinha para Goa, onde viveu dois anos agitadamente.
De novo em Lisboa, em 1790, continuou na mesma vida inquieta, que o levou ao Limoeiro, às prisões do Santo Ofício e ao internamento no mosteiro de S.Bento da Saúde, e daí para o Convento dos Oratorianos, depois de haver figurado na Nova Arcádia, onde foi conhecido por Elmano sadino. Morreu em grande pobreza ganhando com traduções o sustento próprio e de uma irmã. (J.Nunes de Figueiredo e Dom. Pechincha)