terça-feira, 13 de março de 2007

Desenho de Don Flowers

Piadas finas...

Capa da Revista "Can Can", nº11 - Janeiro de 1956

domingo, 4 de março de 2007

Francisco Finura

A ideia teria nascido no Benjamim, um dos Cafés mais frequentados de Setúbal na década de 60 e se situava no lado norte da Avenida 5 de Outubro, um pouco antes da Praça do Quebedo.

Creio que foi já pelo ano de 1971, ou talvez 1972, que um Grupo de "habituées", uma autêntica tertúlia em actividade permanente naquele Café, e sob a batuta do advogado Dr.Amadeu Costa, e a "orientação" do Prof. Domingos do Rosário, resolveu escrever e editar um "cartão de apresentação" do Francisco Finura.

Com circulação restrita, este cartão apresentava na primeira página, a fotografia de um Francisco Finura, todo aperaltado e "pendurado" num belo cachimbo! O lenço imaculado que lhe caía do bolso do casaco já era lendário por essa altura... A pose era a de um cinéfilo consumado!...



Nas páginas centrais, eram descritas com alguma minúcia as "profissões" e as "habilidades" do Homem por quem todos tinham muita consideração e respeito... muito embora abusassem um pouco da sua bondade!




Vale a pena passar os olhos por tudo aquilo que o Francisco Finura sabia fazer naquele auge da sua popularidade em Setúbal e que ficou escrito e "escarrachapado" no Cartão de Visita que aquela "trupe" do Benjamim resolveu escrever por ele...

Aquela do "Operário especializado em trabalhos não especializados." não lembrava ao diabo! Lembrou ao Dr.Amadeu Costa... Mas analisando bem as coisas, era essa mesmo a ideia que tínhamos do Francisco Finura!

Aqui fica a referência! E o cartão!... Para que conste...

quinta-feira, 1 de março de 2007

Uns versos de Laureano Rocha

O Sr. Laureano Rocha foi um dos bons Amigos que passou pela minha vida aqui em Setúbal.
Era um "português" da Galiza mais amigo de Portugal do que muitos portugueses que por aí andam… e conhecia-o desde 1959 quando, com o irmão Valentim, ambos geriam, com o maior zelo e eficiência, o melhor Restaurante de Setúbal: o Restaurante do Naval, ali no 1º andar do edifício da Avenida Todi que é agora do Montepio.

Passava o Verão de 1976... e os tempos estavam difíceis.
Um amigo nosso, em férias em Las Palmas, enviou-me um postal ilustrado endereçado para o Clube Setubalense, talvez por não se lembrar do meu endereço completo.
Aconteceu que o Carteiro, fazendo alguma confusão, acabou por deixar o meu postal ilustrado no Restaurante do Clube Naval Setubalense, em vez de o deixar no outro lado da Avenida, no Clube Setubalense.

Uns dias mais tarde, o postal vem parar às minhas mãos, dentro de um envelope que me era dirigido para o Clube Setubalense. O remetente era o "Zé da Banca", um nome que eu conhecia bem como autor dos "Perfis" que semanalmente saíam sob a forma de Soneto, no extinto jornal "A Voz de Palmela". E vinha acompanhado por uma carta em forma de verso...
Tinha de ser!... E tinha piada!...
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Mas na altura tive receio de dar publicidade àquela carta...
Os tempos eram então muito difíceis! E tive medo...
Tive medo, mas não por mim... Tive medo pelo sr.Laureano Rocha!
Ele não merecia que pudessem vir a apoquentá-lo... pelo humor que então demonstrou!
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Este é o postal ilustrado que um Amigo me enviou


Las Palmas - Agosto de 1976
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O texto do postal ilustrado era o seguinte:
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Amigo Matos
Aqui vai a figura que muito bom político da nossa terra faz.
Espero que os “galifões” não comam tudo, para que a nossa terra não fique árida como a que se vê na gravura.
Um abraço para todos os nossos amigos

F,
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Os versos que acompanhavam o postal, por certo feitos de improviso, são os que reproduzo a seguir:
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Doutor, desculpe o abuso
Mas veio aqui p’ró Naval
Por equívoco, o postal
Que na minha vai incluso.

É que, por acaso, li
O texto que vinha escrito
E eu só no fim vi que o dito
Era destinado a si!

Mas olhe, Doutor, gostei,
Porque o texto, na verdade,
É um hino à sociedade…
Dos “defensores” da grei…

A figura é subtil…
Camelos… só dois encerra
E há milhares nesta terra
Criados… no mês de Abril!…

E tão maus os “galifões”…
Tão cheios de hipocrisia
Que vivem… na porcaria
Duma corja de ladrões!...

Se o “Comba Dão”, esse santo…
Pudesse voltar e… ver,
Eu não sei, mas estou em crer,
Morria logo de espanto!

Pobre país que a loucura
Se aproxima tão veloz
Dum fim…que p’ra todos nós
Já é mal que não tem cura!...

Já não vejo salvação
Nem vida neste jardim…
--Os “pintasilgos” p’ra mim,
São aves de… arribação!...

Mas, Doutor, tenhamos fé…
Desculpe-me a ousadia.
…é que isto de poesia
É, pois, o fraco do “Zé”!...
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Eu sei que o "Zé da Banca" está sorrindo lá em cima...a recordar-se destes seus versos feitos numa época em que o desânimo ocupava a maioria dos portugueses que sempre souberam trabalhar!...

O pirilampo e o sapo

Marquesa de Alorna


Nasceu em Lisboa em 1750.
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Neta da Marquesa de Távora justiçada por motivo do atentado contra D.José , foi encerrada no Convento de Chelas, desde os oito anos, enquanto o pai, à ordem de Pombal, cumpria pena de prisão no Forte da Junqueira. Espírito cheio de curiosidade, iluminou-se, ainda no convento, por muitas leituras feitas e palas conversas com pessoas cultas, que a visitavam, entre as quais Filinto Elíseo, seu mestre, a quem ficou devendo o nome arcádico, de Alcipe.
Saiu do convento em 1779 e casou pouco depois com o Conde de Oeynhausen a quem acompanhou no estrangeiro.De grande cultura clássica e conhecendo igualmente as literaturas francesa, inglesa e alemã do seu tempo, deixou uma vasta obra.


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O pirilampo e o sapo


Lustroso um astro volante
Rompera as humildes relvas:
Com seu voo rutilante
Alegrava à noite as selvas.


Mas de vizinho terreno
Saiu de uma cova um sapo,
E despediu-lhe um sopapo
Que o ensopou em veneno.


Ao morrer exclama o triste:
--Que tens tu de que mi acuses?
Que rime em meu seio existe?
Respondeu-lhe: - Porque luzes?


Das “Obras Poéticas